quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Márcia Regina de Andrade Prado (17/11/1968 - 14/01/2009)


Márcia era uma amiga querida pelo pessoal da Bicicletada, daquelas que todos simpatizavam. Massagista, abandonou a moto e adotou a bike para visitar seus cliente, armada apenas com um colchonete amarrado ao bagageiro. Ciclista experiente e prudente, sua marca era o capacete inteiramente vermelho e, claro, seu sorriso fácil.

Conheci essa pessoa incrível, se não me engano, no Pedal Cultural, logo no segundo evento que participei com a galera da bicicletada e me recebeu quase que instantaneamente como amigo. Lembro de ter pensado como pessoas assim são raras, onde as cidades desumanizam homens e mulheres, transformando-os em meros produtores de riquezas. Sim, ela cativava a todos pela simpatia e pelo bom humor. Mas se capturava os amigos pelo coração, impressionava-os pela inteligência, demostrada em e-mails que mostravam como ela assumiu a luta pela bike e por um trânsito em São Paulo mais humano.

Pois foi o trânsito dessa cidade que nos tirou a Márcia. Ontem, provavelmente a caminho da casa de algum cliente de massoterapia, ela foi morta por um motorista de um ônibus, que diz, hipocritamente, a um jornal que está com a consciência tranquila.
E logo aonde? Na avenida Paulista, onde sempre considerávamos nossa casa.

Mas, Márcia, sua morte não será em vão e muito menos anônima como o de tantos ciclistas que morrem todo os anos nessa cidade. Sim, você sempre será lembrada e cidade conhecerá, de fato, a filha que perdeu.

Mil beijos, amiga.

Ps. Escrevo esse post em lágrimas, mas também revoltado com os motoristas das cidade. E revoltado com o tratamento que Márcia recebeu das autoridades, que deixaram seu corpo no asfalto da Paulista por 4 horas, a mercê de olhares morbidamente curiosos. Soma-se a isso, minha indignação pela forma como a imprensa, que destacou muito mais o inconiveniente do congestionamento causado pelo atropelamento, do que a morte de nossa amiga.

Pps. Mais sobre a morte trágica que aconteceu ontem. Aqui



Homenagens a Márcia

Apocalipse Motorizado - Ciclista Márcia, presente!

CMI Brasil - Luto pela morte de ciclista (Parte 1)
Luto pela morte de ciclista (Parte 2)
E você com isso? - Ônibus mata ciclista na Paulista: o motor venceu
Vida de Ciclista
Pedalante - Sempre Márcia
CMI Brasil - Sua Pressa Vale uma Vida?
Vendedor de Bananas - Guerreira do Asfalto
Raoni - CICLOATIVISTAS PARAENSES REALIZAM A BICICLETADA "MÁRCIA PRADO", CONTRA A VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO.
CicloBr
Sampa Fixa - Márcia, sempre será nos 1ª Dama

6 comentários:

Unknown disse...

Prezado colega,
Me solidarizo com a dor de vocês e à revolta pelo descaso com a retirada do corpo e pela insensibilidade dos motoristas, que reclamavam do congestionamento -- comportamento típico de um meio social que torna os indivíduos cada vez mais frios, egoístas e mecanizados.
Sou do interior de SP, de S. J. Rio Preto, e tomei conhecimento do acontecido pela Folha, fato que me entristeceu, pois sou adepto da filosofia que a bicicleta é um meio de transporte e lazer limpo, honesto, agradável, democrático, e que deveria ser respeitado. Mas o que dizer de um povo que vende a alma para pagar 60 prestações de um automóvel (e ainda não sabe utiliza-lo) e acha que bicicleta é meio de transporte de pobre?
Saiba que aqui no interior as coisas não vão bem, pois temos a média de 1,7 carros por habitante, que torna até mesmo o passeio a pé arriscado, quanto mais de bike.
Muita paz.

Débora Hégedus disse...

Eu adoro bike. Por 5 ou 6 anos fui trabalhar com esse meio de transporte. Adoraria poder pedalar pela cidade. Sempre falo e defendo que deveriam fazer uma ciclovia ao lado do Tietê, embora este tb seja mal-tratado nesta cidade. Eu nao havia visto esta info ate agora a noite, 15/01, e o que me chamou atencao da noticia era que a vitima era uma ciclistA. Fui buscar quem era Marcia Regina e sim, me solidarizo totalmente e fiquei muito triste pois uma defensora de uma cidade melhor tenha sido morta nesse transito assassino dessa cidade. Eu talvez seja covarde, cansei de me defender dos motoristas malucos e desrespeitadores por isso, dedico todo meu respeito e carinho à Marcia que agora continuara seu trabalho com mais profundidade, na mente dos que fazem nossas leis porcas. De qualquer forma, obrigada Regina.

Brunnosfera disse...

A mídia tem duas faces: o poder construtivo, do bem, e do destrutivo, do mal. Dessa vez, a mídia mostrou esse último, bem como quando eu estava em Blumenau trabalhando como voluntários para as vítimas das enchentes e a mídia preferiu usar o sensacionalismo de sempre e destacar os falso voluntários que roubavam donativos por lá. O trabalho da grande maioria lá presente era feito com muita garra, amor e suor.
Que Deus tenha Márcia, um exemplo para todos de São Paulo, do Brasil e do mundo. Não sou da bicicletada mas tive o prazer de estar presente na homenagem que aconteceu à essa pessoa que vim a conhecer depois de sua partida, fiquei emocionado.
Força, ciclistas! Vamos mudar o mundo!

Dunha disse...

Me solidarizo com os amigos ciclistas por essa perda irreparável.

Desejo que a morte da Márcia não seja em vão, que sirva como um motivo para lutar por mais respeito e conscientização no trAnsito.

Brunnosfera disse...

Em memória de Márcia Prado:
http://www.flickr.com/photos/brunnopessoa/sets/72157612579932881/

Brunnosfera disse...

À propósito, fiquei muito interessado em participar da Bicicletada! Sei andar de bike, mas aqui em Sampa (sou do Rio, moro há 2 anos na cidade) não tenho, então primeiro preciso providenciar uma... =)

Será que você pode me mandar um email ( brunnopessoa@gmail.com ) para me falar como acontecem as bicicletadas e outras info pertinentes? Tem algum site?

Fico muito grato!