quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vamos dar nomes aos bois - parte I

Ontem, por 9 votos a 6, o Conselho de Ética (CE) do Senado rejeitou os 11 recursos da oposição contra o arquivamento de denúncias contra José Sarney (PMDB-AP). Os senadores petistas, fiel da balança no CE, orientados por Ricardo Berzoini, votaram a favor do arquivamento, gerando uma crise dentro da bancada, com provável renúncia de Aloízo Mercadante da liderança do PT na Casa.

Então, quem são os 9 Senadores que votaram a favor do arquivamento das denúncias e representações contra o Presidente do Senado, José Sarney? A seguir um pouco de 4 deles. Se você votou neles, lembre-se deste post ao fazer isso de novo nas próxima eleições. Amanhã postarei sobre os outros 5 senadores que absolveram o senador amapaense. [os links sobre os nomes do senadores não levam a respectivas páginas oficiais, mas a página deles no Transparência Brasil]

Facilmente reconhecido por suas longas madeixas, é dono da TV Vitoriosa e da TV Goiânia, foi um dos maiores doadores da campanha de Hélio Costa, além de seu suplente (ligue os pontos). Assumiu a cadeira assim que Costa tomou posse como Ministro das Comunicações (novamente, ligue os pontos).

Além das TVs, Salgado é dono da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura (ASOEC), mantenedora da UNIVERSO (Universidade Salgado de Oliveira), com campi espalhados por 11 cidades em sete estados. A associação foi pivô de uma Ação Popular que tramita no TRF, envolvendo denúncias de que a universidade recebeu um terreno de forma irregular, em 1996. O terreno, usado para a construção de um campus, teria sido cedido por Renan Calheiros (olha com quem ele está mancomunado!), então presidente da Campanha Nacional de Escolas de Comunidade, entidade sem fim lucrativos que recebeu recursos da União. Além disso, em 2007, recaiu sobre a ASOEC a suspeita de sonegação de impostos, na ordem de quase R$ 12 milhões.

Gente, vou terminar por aqui, pois quanto mais fuço na web sobre o "Cabeleira", mais coisa encontro
Mas para terminar, lembra do caso da cassação do Renan Calheiros? Ele foi o primeiro homem dentro da tropa de defesa do senador em questão, sendo inclusive presidente do Conselho de Ética do caso, declarando abertamente seu voto a favor de senador alagoano.

Infelizmente, não encontrei nada sobre ele se candidatar a algum cargo ano que vem (se bem que ninguém votou nele e hoje ele é senador).

Material contra ele é farto. Também membro da tropa de choque que defendeu Renan Calheiros, é conhecido no Senado por suas sandálias de couro. Representante de Amapá na Casa, é afilhado político de quem? Isso mesmo, de José Sarney. Na época de Calheiros, chegou a dar entrevista sobre um acordo entre a base governista e o PMDB, que condicionava a aprovação da CPMF (em votação pela renovação) à absolvição do senador alagoano.

Um representante amapaense do coronelismo eletrônico, é "dono" de rádios comunitárias em vários municípios do Estado, além de sua família ser dona da TV Tucuju, retransmissora da Rede TV! no Amapá. Contra ele pesam processos abertos na Procuradoria Geral da República, em razão de 321 pedidos de concessões de canais de rádio e TV em nome de familiares do senador nos estados do Amapá, Maranhão, Tocantins e Pará. A acusação? Tráfico de influência dentro do Congresso e no Ministério das Comunicações (o mesmo ministério de Hélio Costa).

Aparentemente paga R$15 mil reais a uma fábrica de toldo com verba indenizatória, dinheiro este destinado, a princípio, para aluguel de escritório político.

Assim como Wellington Salgado, não foi "exatamente eleito". Assumiu a cadeira quando João Capibaribe (PSB-AP) teve o mandato cassado em um processo movido por José Sarney [toda denúncia deve ser apurada, mas é coincidência demais que o processo movido pelo ex-Presidente da República beneficie seu afilhado político].

Fiel ao partido, também não é primeira vez que é responsável pelo arquivamento de um denúncia. Ele foi relator do segundo processo contra Renan Calheiros, o que acusava o senador de tráfico de influência para favorecer a Schincariol. Na época, seu parecer recomendava o arquivamento da representação do PSOL. O resultado, vocês lembram.

Contra ele pesa "apenas" o fato de que ele recebeu auxílio moradia, mesmo morando em um apartamento funcional do Congresso. O valor (R$ 46.500), já foi devolvido.
Para quem quiser escrever para ele, o twitter (se é ele que escreve, já não sei) e a página instituicional

Até tu, Inácio? Autor do PL que propõe IPI zero para bicicletas, ele tinha minha simpatia. Mas depois do que aconteceu ontem, fiquei com o pé atrás. Lógico que fidelidade partidária é importante, mas o que fazer quando o partido vai contra seus ideais, principalmente quando o assunto é corrupção? Ora, não era a votação de uma PL, uma PEC ou uma MP. É algo que vai além do ideário partidário. Mas para em quiser cobrar, como todo senador, tem uma página no Senado, além de um site próprio e (uia!)Twitter.

Mas afinal, a história dele é limpa? Nem tanto. Contra ele pesa uma representação do Ministério Público por compra de votos. Ainda correndo na Justiça.


Por hoje é só amiguinhos. Como podem ver, PMDB não é nome de um partido. É nome de quadrilha ou máfia. Amanhã tem mais.

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