quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vamos ocupar o espaço público malhando

Entre as diversas formas para ocupar o espaço pública, um que tem me chamado a atenção é o street workout ou treino de rua, muito popular no Leste Europeu e que está começando a ganhar momentum no resto do ocidente. Mas o que seria esse street workout? É uma modalidade que envolve o uso de equipamentos em espaços públicos, como barras e pranchas para a execução de exercícios calistenísticos, como abdominais, puxadas de barras, flexões, usando apenas o peso do corpo. Aqui, o treinamento objetiva força, equilíbrio, coordenação e resistência. 

Porém alguém poderia argumentar que isso não é novo, afinal, pessoas sempre utilizaram  barras para se exercitar em praças públicas. Mas o street workout vai muito além de simples flexões e puxadas, envolvendo também elementos de ginástica artística (afinal, a modalidade ganhou força no Leste Europeu), parkour, práticas que usam barras verticais (mastro chinês, pole dance) e acrobacias circenses.

Muito complicado? Difícil de imaginar o que seria street workout? Dê uma olhada nos vídeos a seguir.





Infelizmente, nem os praticantes da modalidade se deram conta do potencial para que o street workout se torne um  instrumento de conscientização, numa época em que se discute o uso de espaços públicos. Sem dúvida o street workout é uma excelente forma de ocupar as praças, longe das academias caras e da moda, sem a intermediação do dinheiro para a prática esportiva. Ao mesmo tempo, cria-se uma demanda por uma melhor estrutura em parques e praças, tornando-as muitos mais vivas e interessantes. E não é necessário muito: barras horizontais, verticais e parelelos. Talvez, uma prancha para abdominais e espaldares também ajudam para criar um ambiente propício para a atividade esportiva. 

Gostou do street workout? Que tal começar numa praça perto de sua casa? Então, aqui tem alguns links para quem estiver interessado.
Site sobre street workout com um tutorial com circuitos de treinamento

Página no Facebook para a prática do street workout

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O que fazer quando seu filho gosta de saias? Mostre seu apoio e comece a usá-las também

Super-pai: Neils Pickert e seu filho. Emma online
O que fazer quando seu filho de 5 anos gosta de usar saias? Apoia sua escolha e começa a usá-las também.  Foi o que o alemão Neils Pickert fez quando viu que seu pequeno gosta de desfilar pelas ruas de vestido. E o faz em uma cidade de apenas 100 mil habitantes, tradicional e religiosa, no sul da Alemanha.

Em um relato à revista alemã Emma, Pickert fala da importância de ensinar sobre igualdade de gênero ao seu filho. "Eu não sou um desses pseudo-intelectuais que se gabam em estudar gênero e justiça e logo que nasce um rebento, entra em uma espiral de estereótipos de gêneros."

Dessa feita, quando viu seu filho triste devido às reações das pessoas de sua pequena cidade ao seu modo de vestir, só teve "uma opção": vestir uma saia. E agora o seu pequeno, com um modelo dentro de casa, tem a segurança para também usar o que quiser, seja nas ruas ou na escola.

O colegas tentam "tirar" uma com o garoto? Sim. Mas o pequeno Pickert tem sempre uma resposta para ele: "vocês  tem coragem para usar saias e vestidos porque seus pais também não tem".

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Quanto custa um bebedouro?

Hoje de manhã, uma foto no Facebook me chamou a atenção.
O governo de São Paulo está adquirindo/reformando 20 bebedouros no parque Villa-Lobos por 126.800 reais. Dividindo, cada um custará 6340 reais! Realmente é muita coisa.
Uma busca rápida no Buscapé, mostrará que um bebedouro caro, desses que filtra e ainda gela a água custa em torno de 2 mil reais. Lógico, é bem diferente de aparelho que fica num parque, que provavelmente será de concreto. Mas mesmo levando em consideração os materiais, creio ser impossível um bebedouro custar tão caro. Principalmente se pensarmos que, por ser de parque, existe uma grande chance de não haver refrigeração.

Mas alguém pode argumentar que tal foto pode ser fake ou uma montagem. Se der uma procurada no Diário Oficial do Estado, você encontrará o edital. (clique na imagem para vê-la ampliada)

Será que não existe algo de errado nisso?



domingo, 31 de julho de 2011

Comunidade do Orkut exalta terrorista norueguês

Depois de ver como alguns russos chamam o autor confesso dos atentados recentes em Oslo que mataram 76 pessoas, Anders Breivik, de herói, decidi dar uma olhada na maior rede social do Brasil (pelo menos, em número de membros), o Orkut. Encontrei comunidades dedicadas ao terrorista norueguês, algumas com alguns gatos pingados, mas existia uma com 99 membros.

Nela, Breivik é descrito com um homem santo e "um recordista mundial". Na final da descrição da comunidade, um sentença parece ser um chamado para outros monstros racistas conservadores: "recordes estão aí para serem batidos".

Em um post, um membro identificado como "Steve" diz que "queria ver um atirador Sancto no Brasil".
E outro post, um outro filhote de Hitler chega a dizer que "Ele está me inspirando a fazer um Sancto atentado", seguido de outro idiota que afirma que irá se juntar em tal atentado, inclusive dizendo que iria vestido com uniforme da Waffen SS, guarda de elite de Hitler e com a Cruz de Ferro, símbolo do nazismo.


Idiotas como os membros dessa comunidade podem parecer inofensivos e, de fato, são tão covardes que sua expressão de ódio geralmente se limita a palavras em uma comunidade de uma rede social, mas, muitas vezes, isso pode ser um combustível para que um sociopata em potencial aja de fato e provoque uma desgraça. Com certeza uma comunidade como essa e seus membros não podem passar impune.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Por que a Associação Defenda Higienópolis tem medo da "gente diferenciada"?

O governo do Estado de São Paulo desistiu da construção de uma estação de metrô da futura linha laranja, que ficaria na esquina da av. Angélica e rua Sergipe, em Higienopólis, depois de protestos de um grupo de moradores do bairro, reunidos numa associação chamada "Defenda Higienópolis". Numa petição divulgada na internet, esse grupo apresenta vários argumentos contrários a construção da estação. Ao ler esse abaixo assinado, não pude conter a indignação com um grupo que se orgulha de pertencer a uma elite. E sinceramente, o texto em questão chega a ser nojento.

Muitos se manifestaram contrários a ação dessa associação e o próprio bairro virou piada na internet. Mas para muitas pessoas, o problema é a recusa em ter uma estação do metrô no bairro. De fato, talvez não haja a necessidade de tal estação, uma vez que a região já seria servida pelas estação Mackenzie (sim, eu sei que em qualquer cidade com um transporte de qualidade, a estações de trem/metro são bem próxima, mas acho que no caso de São Paulo, creio que devemos pensar em prioridades). No entanto, creio que a questão vai mais fundo, no ranço excludente de nossas elites, sempre egoístas, com o seu pendor higienistas e eugênicas.

Na verdade, o argumento da sobreposição de linhas e estações, e os custos das desapropriações são apenas os dois primeiros apresentado, e talvez os únicos que não provocariam a reação indignada de uma pessoa provida com o mínimo de humanidade. Mas as razões seguintes evidenciam realmente as motivações dessa associação: o encastelamento do bairro, deixando de fora a ralé, a gentalha, cuja simples presença seria razão de tal mobilização.

Sim, a simples presença do povão incomoda essa elite já que "o aumento deste fluxo de pessoas no bairro deve gerar um aumento de ocorrências indesejáveis, afetando a qualidade de vida dos moradores (..)". E é lógico, os camelôs se tornarão um problema para tão respeitável vizinhança.

Ao fim, ao cabo, o problema para as madames de Higienópolis não é a sobreposição de estações na região, não são as desapropriações ou a situação dos prédios. É a ralé, que a psicóloga Guiomar Ferreira chamou de "gente diferenciada". Simplesmente, a casa grande não quer que a senzala chegue no bairro. E o pior é que essa elite se acha cosmopolita só porque usou transporte público em Londres e Nova Iorque e pedalou um Vélib em Paris.

Mas quando o transporte público é no quintal, nem pensar. Povão perto dessa high society, só se for serviçal e com uniforme. E que venha de ônibus para o bairro.

Ps. Até o argumento de já haver estações próximas é uma falácia. Tanto as estações Marechal Deodoro quanto a Consolação ficam a mais de 1 km de distância da esquina da Angélica com a rua Sergipe.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Fukushima I, sensacionalismo e o pânico




Existe um conceito em inglês chamado fear mongering. É quando uma pessoa ou grupo inicia uma campanha de medo, estabelecendo o pânico em uma determinada população. E estamos tendo uma no momento, em escala mundial. Os atores? A mídia mundial, ao tomar como certa um apocalipse que teria se iniciado com terremoto no NE do Japão, seguido de um tsunami e de uma crise nuclear. Qualquer um que abrir um jornal no ocidente terá a impressão que o mundo acabará amanhã, a começar pelo arquipélago japonês: desabastecimento, vazamento de material radioativo, pessoas em desespero, chorando lágrimas e sangue. Sim, o sensacionalismo tomou conta da mídia. O resultado? Pessoas em metade do planeta preocupadas com a possibilidade de amanhã ter chuva radioativa em seu quintal e peixe mutantes alla Simpson no jantar, além das chances de grande êxodo de cidadãos japoneses.

Agora, se você observar a mídia do Japão, verá um cenário um pouco diferente. Em meio a escombros, populações desabrigadas e buscas de sobreviventes e corpos. Em Fukushima I, engenheiros, bombeiros e membros da Força de Autodefesa em uma luta para conter o superaquecimento dos reatores. E uma divulgação constante dos níveis de radiação in loco. Nem mais nem menos. Nada de cenário apocalíptico.

O cenário é grave? Não nego e muito menos os meios de comunicação japoneses. Todos sabem que a nação está diante de sua maior crise desde a II Guerra Mundial. Só o Grande Terremoto de Kanto matou mais japoneses(causou baixas na ordem de 140 mil pessoas, entre mortos e desaparecidos). Em termos de magnitude, foi o maior já registrado no Japão. Sim, populações inteiras estão em situação de calamidade. Até o momento, foram registrados 6406 mortos e 10259 desaparecidos. Falta combustível para calefação e transporte, comida e remédios na áreas atingidas. E para piorar, entre ontem e hoje, a região foi atingida por nevasca e chuva.

No entanto, o público deve entender que, em um desastre como esse, alimentar o pânico apenas piora a situação. Devido ao medo, populações de áreas não atingidas correrem para estocar alimento, no que resultou em grave crise de desabastecimento em cidades como Tóquio (distante mais de 300 km do epicentro). E agora, notícias sensacionalistas sobre a usina nuclear de Fukushima I se espalham pela web. O resultado? Embaixadas de diferente países com informações conflitantes (os franceses já jogaram a toalha e sua embaixada pediu para que seus cidadão deixem Tóquio). Estrangeiros (e até nacionais) em quase todo o arquipélago desesperados, tentando ficar o mais longe possível da província de Fukushima, quando na verdade, a situação é mais grave, no momento, num raio de 30 km. E mesmo no pior dos cenários, as chances de uma catastrófica nuvem radioativa tomar todo o arquipélago são mínimas.

E a mídia brasileira tem feito sua parte na difusão do medo. Aliás parece que a palavra pânico parece ser a palavra preferida do sites de notícias por aqui. Sim, há uma legião de estrangeiros fugindo do Japão. Lógico, depois das notícias sensacionalistas que leem. E japoneses fugindo de Tóquio? Creio serem uma minoria, alimentado principalmente pela desinformação. Aliás, desinformar é o que mais tem feito a mídia aqui e no resto do Ocidente ao divulgar dados sem contexto ou mesmos erros técnicos. Cheguei a ver jornalista confundido millisivierts com microsivierts (1 millisiviert equivale a 1000 microsivierts). Outro exemplo é essa notícia da Veja dizendo que a radiação registrada em Tóquio chegou a vinte vezes o normal em seu pico. O que a revista não diz é que esses "20 vezes da radiação normal" é um pouco menos que 2 radiografias toráxicas. E existe aqueles, numa tentativa de pintar as notícias com cores mais fortes, utilizam-se de um discurso tão tacanho, que lembra os tempos do Notícias Populares. Um exemplo é o vídeo a seguir, onde o apresentador compara os 50 funcionários da TEPCO, bombeiros e soldados, que estão lutando para conter o calor dentro dos reatores, com kamikazes. Creio que ninguém em uma redação inteira pensou no mal estar que essa palavra provoca nos japoneses, por lembrar um período traumático e ao mesmo tempo vergonhoso da história japonesa. (pule para 4'30")

Como essa avalanche de informações, que não informam coisa nenhuma, não me surpreende ver uma êxodo de estrangeiros (que se alimentam de informações estrangeiras) saindo de Tóquio. Felizmente, algumas agências de notícias e jornais, fora do Japão, tem observado com um olhar mais crítico a esse sensacionalismo. O Wall Street Journal, em um editorial, fala das possíveis consequências na política de energia nuclear, devido ao pânico que tomou conta da opinião pública. James Delingpole, em artigo para The Telegraph, compara jornalistas com ativistas do Greenpeace e Friends of the Earth. Em The Register, Lewis Page chega a dizer que "nunca sentiu tanta vergonha de ser jornalista". E ainda existe os estrangeiros que moram no Japão, que publicam blogs e vídeos na internet, divulgando sua indignação em relação a histeria nuclear:
We can pray for Japan, we can invest in Japan. But we don’t need fear, rumor mongering, schadenfreude or gifts. Let’s keep sane and sensible. We owe it to the people in the areas that have lost everything. If they can keep it up, so can we. Right?

Mas acho que minha preferida é esse vídeo

Nele, o apresentador e comediante Charlie Brooker compara as chamadas da Sky News com o trailer de um filme épico, além de mostrar o quanto a cobertura da mídia britânica e americana pode ser exagerada e ridícula. Mas o melhor é o final, onde diz que "está tendo aula de teoria atômica avançada com pessoas que até a semana passada tentavam descobrir a cor do vestido de Kate Middleton".

E quais a consequências desse pânico midiático? De imediato, uma fuga de estrangeiros de Tóquio e até mesmo do Japão. Além disso, o público acaba tendo sua atenção na usina de Fukushima I, quando, na verdade, deveria ser voltada para toda a região atingida pelo tsunami, onde existe mais de 400 mil desabrigados, necessitando de ajuda financeira, onde falta tudo: combustível para calefação, remédios e comida. Lembro de ter visto uma matéria na NHK, que mostrava que pessoas (principalmente idosos) estavam morrendo devido a gripe e a falta de acesso a remédios usados contra doenças crônicas. Além disso, existe a constante ameaça de epidemias, sempre presente em situações de calamidade. Mas é lógico que esses problemas não vendem tanto jornais quanto uma crise nuclear.

Ps. Ainda não está convencido sobre o quanto a mídia exagera? Acha que realmente Fukushima I será o epicentro do apocalipse?
Recomendo que veja os relatórios e atualizações no site da AIEA, bem como as informações disponíveis na Organição Mundial da Saúde.
E se você acha que o governo japonês e a TECPO está escondendo informações, veja esse comunicado da embaixada britânica (que não fugiu em pânico de Tóquio), as atualizações de um painel de físicos ligados ao Science Media Centre of Japan e esse post no Japan Probe, que faz um comparativo entre a situação de Fukushima I e Chernobyl (contém vários links que levam a entrevistas com especialistas em física e energia nuclear).

Pps. E para não falarem que só falei (mal) sobre a mídia, aqui vai uma cançãozinha da cantora sueca Maia Hirasawa, em homenagem às vítimas do terremoto e tsunami no Japão.


UPDATE: Para quem interessar possa. Encontrei esse wiki, chamado JPquake com o Journalist Wall of Shame e Blogger Wall of Shame, elencando algumas matérias e posts que espalham o medo, além de uma página dedicada aos heróis do terremoto.

domingo, 10 de outubro de 2010

Comos os prefeitos vão para o trabalho

Michael Bloomberg, prefeito de Nova Iorque


Boris Johnson, prefeito de Londres


Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo

Ps. Michael Bloomberg não é classe média, muito menos pobre. Além de prefeito, é fundador e maior acionista da Bloomberg LP. Com uma fortuna estimada em US$ 18 bilhões de dólares, afirma ir para o trabalho de metrô, a maior parte dos dias. Existe rumores que ele tem apenas dois pares de sapatos para o dia-a-dia.

Pps. Talvez Londres não seja tão perigosa para pedalar como SP, mas também não é exatamente o paraíso para ciclistas. Boris Jonhson mesmo quase foi pego por um caminhão.